Alucinógenos
- José Lurker
- 9 de set. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de mai. de 2024
Um pouco de história
O uso de substâncias alucinógenas ocorre na humanidade desde tempos imemoriais. Ao longo da história inúmeras substâncias foram consumidas pelos homens, em geral de forma ritualística, buscando a vivência de estados alterados da consciência que pudessem servir para o auto-conhecimento e nutrir as relações com a natureza e a comunidade. Acredita-se que nos rituais das bruxas, na Idade Média, eram consumidas a Beladona e a Mandrágora.
Uma história que teve muita relevância no mundo contemporâneo foi a descoberta do LSD, em 1938, por Albert Hoffmann, na Suíça. Em decorrência dos efeitos extraordinários da droga, ela passou a ser pesquisada para possíveis possibilidades terapêuticas, em particular no campos da psiquiatria. Vários profissionais passaram a se auto-administrar a droga, tentando entender a gênese dos delírios esquizofrênicos, e o que encontravam eram os portais de um mundo desconhecido, transcendente, onde o contato com um Poder Superior era frequentemente relatada. A história deu uma guinada quando o psicólogo Timothy Leary e seu amigo Richard Alpert começaram a pesquisar outro alucinógeno, a psilocibina - "os cogumelos mágicos" e fazer experiências no campus da Universidade de Harvard com a substância. No início a experiência seguia as normas de pesquisa científica, mas paulatinamente os pesquisadores foram ampliando seu grupo de voluntários de forma anárquica, fato que corrompeu o sentido da pesquisa. Leary e Alpert (posteriormente conhecido como Baba Ram Dass) mergulharam então na contracultura, da qual Timothy Leary tornou-se um ícone. As drogas faziam parte da contra-cultura, nos anos 1960. Mas logo começaram os problemas. Os alucinógenos não causam dependência nem abstinência. Mas a maconha passou a ser usada pelos "hippies"e posteriormente drogas mais pesadas como a heroína (nos anos 1970) e, um pouco mais tarde, a cocaína (nos anos de 1980). Estas substâncias não se incluíam entre os alucinógenos, e são altamente dependógenas. Seus efeitos devastadores passaram a ser visto cada vez com mais frequência. Grandes músicos, entre eles Janis Joplin, sucumbiram a uma overdose de heroína. Não por acaso, nesta época, John Lennon profetizou: "o sonho acabou".
No mundo contemporâneo
Vivemos uma situação um pouco diferente. Com o advento do uso dos canabinóides, em algumas situações clínicas os derivados da cannabis tem sido testados - a saber, náuseas em quimioterapia, na anorexia dos portadores de AIDS (?), em um tipo específico de convulsões em crianças, como adjuvante em dor lombar (sem evidências robustas) , além do uso compassivo em pacientes em cuidados paliativos. Nos últimos anos tem crescido o interesse sobre a utilização de psicodélicos em Psiquiatria. A substância mais estudada é a psilocibina, mas também a mescalina, o LSD, a ahyauasca e a ibogaína. Eu fiz uso recreativo dos cogumelos mágicos várias vezes na juventude. A experiência realmente é impressionante. Como escreveu Aldous Huxley em seu livro "As Portas da Percepção":, citando William Blake "Se as portas da percepção fossem abertas, tudo apareceria ao homem como realmente é, Infinito. Pois o homem se trancou em sua caverna até ver todas as coisas através de suas estreitas frestas". Tive experiência, também recreativa, com o LSD e uma experiência, esta supervisionada por um profissional, com a Ibogaína. É muito dificil afirmar que existam benefícios claros relacionados ao uso destas substâncias. Realmente "estados alterado da consciência" podem trazer insights e eventualmente contribuir para o autoconhecimento. Mas muitos afirmam que através da meditação também se pode chegar a estes estados e que o uso de substâncias seria somente um atalho. A tolerância física destas drogas em geral é boa, exceto por náuseas, tonturas e vômitos. Mas cremos que o uso terapêutico, supervisionado, é a melhor alternativa e eventualmente a sua utilização de maneira ritualística, como o Santo Daime.
Não podemos deixar de lembrar que estas drogas tem o potencial de desencadear quadros psicóticos, particularmente naqueles que já são portadores de doenças psiquiátricas. Ou seja, não faça isso sozinho em casa.

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