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As variedades da experiência religiosa

"O exercício do silêncio é tão importante quanto a prática da palavra."

William James


"As variedades da experiência religiosa" é um livro citado por Bill W (provavelmente, embora não autoral, o livro Alcoólicos Anônimos foi escrito por ele, com eventual colaboração de companheiros de AA), escrito pelo filósofo e psicólogo William James. O livro é baseado em uma série de conferências - The Gifford Lectures - que James proferiu em Edinburgo, no início do século XX, onde abordava a questão da espiritualidade e da religiosidade, que, a seu ver, não haviam sido abordadas com seriedade pela ciência da época. Jung era um entusiasta das questões espirituais e Freud, cético. Artigo publicado recentemente pela revista online Psyché, busca entender melhor as proposições de James.

Segunda aponta a Wikipedia, "...(a obra) trata de uma análise psicológica de estados mentais e fenômenos da experiência religiosa, como a sensação da presença de Deus, as visões de mundo otimista e pessimista, a divisão do eu, a conversão religiosa, a santidade, o misticismo, dentro de um enfoque da filosofia pragmatista, sem descambar no cientificismo materialista que reduz a experiência religiosa a fenômenos neurológicos ou patológicos."

Despertar espiritual

Em pelo menos 2 passagens, o livro dos AA falam em experiências espirituais: uma delas é sobre um alcoólico que dispunha de recursos e que consultou com o Dr. Carl Gustav Jung, famoso médico suiço, que lhe tira as esperanças, pois em casos desesperadores como o dele, não vê saídas, a não ser em alguns casos raros em que "experiências espirituais" poderiam modificar o curso a doença. Na outra situação, o próprio Bill W, , em uma internação talvez por Delirium Tremens, tem uma visão do Divino, quando ocorre o seu "Despertar Espiritual" (12* Passo) , que aparentemente foi a experiência que mudou o curso de sua vida e lhe trouxe a Sobriedade. O Despertar Espiritual foi o que revelou a Bill a existência, ou a necessidade de um Poder Superior ("Deus da maneira como é concebido" - 3* Passo) como algo essencial na recuperação. Um poder maior do que o indivíduo e maior que o potencial destruidor da substância da qual a pessoa é dependente.

Transcendência

A experiência de Bill, da mesma maneira que experiências de outras pessoas, particularmente "espiritualizadas", como Jesus Cristo, Buda, Lao Tsé, Mahatma Ghandi e tantos outros, seriam momentos de transcendência e contato com o sagrado, potencialmente transformadoras e, porque não, iluminadoras, no aspecto de darem sentido à existência. Interessante é que, na medida em que as drogas psicodélicas voltam à cena, alguns defendem que tais experiências transcendentes poderiam ser mediadas por tais substâncias. O artigo compara as visões cética de Freud, entusiasmada de Jung e equilibrada de James, que, aparentemente, as valorizava mas procurava compreendê-las como fenômenos psíquicos, sugerindo a expressão espirituais. Neste aspecto, acreditava na relevância de serem mais estudadas e valorizadas. Tais experiências foram absorvidas pela filosofia das irmandades de 12 Passos, sendo consideradas importantes para a superação das adicções, tanto quando forem de pequena monta, reveladas por detalhes da vivência cotidiana da Recuperação, quanto grandiosas como a relatada por Bill W, que em muito creditou a transformação da sua vida a esta radical experiência espiritual - a visão do poder de Deus, como talvez ele a chamasse.



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