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Back to Black

"A Amy só queria ser amada , nem famosa ela queria ser.

Um pouco de amor, cantar umas musiquinhas e levar a vida."


Iara M


Uma menina linda. Um talento extraordinário, incomum. Um asteroide que passa brilhando, veloz, numa velocidade estonteante e que se queima na atmosfera tóxica de uma humanidade sedenta de sangue, suor e lágrimas. E de muita dor.

Eu não sou uma Spice Girl

Amy Winehouse nasceu só para cantar ? Ela até achava que não era só isso . Romântica, retrô, louca, fora de qualquer tentativa de controle. Ela sugou a vida diretamente na jugular. Por vezes parecia feliz. Mas estava triste a maior parte do tempo. Dilacerada. Queria amar - mas não sabia como fazê-lo: amar era uma experiência radical: amar era afogar-se. Era drama. Era sinuca com cerveja 🍺 e outros drinks esquisitos. Fumando alucinadamente. De manhã, de tarde, de noite 🌙, de madrugada. Ela queria o Blake. Este nem sabia o que queria, além de divertir-se e cheirar umas carreiras de pó. Eles se envolveram em uma relação tóxica, destrutiva, de um felicidade mórbida, fortemente retratada pela imprensa. Amy não morreu porque bebeu demais, para fazer parte do panteão do clube dos 27. Amy foi esquartejada em praça pública. Fama? Dinheiro? Nada. Ela queria uma familia, filhos. E cantar, inspirada em sua querida Nan, mergulhada na inspiração de músicos que ninguém ouvia mais, nem queria saber quem eram: Ronettes, Shangri-Las, Sara Vaughan, Tony Bennet, Charlie "Bird" Parker, "como é que alguém pode não gostar de jazz, driver?".

Disseram que o filme é ruim. Não é. É trash. Como a vida dela foi trash. Como a minha vida - e de qualquer adicto - é trash. Com alguns arremedos de alegria, quando parece que as coisas vão dar certo. Mas só parece. Dali a pouco, é ladeira abaixo. De novo.

Tombos

Dói profundamente ver os abutres o tempo todo querendo pegar o pior take. O pó no nariz - embora ela usasse crack. E principalmente - e foi o que a matou - de uma droga pesada que você encontra em qualquer esquina: birita, muita birita. E os vampiros querendo o tempo todo o nariz com manchas brancas, as olheiras, a magreza, o tombo. O filme é ruim? Ruim é a vida. Má é a humanidade, que precisa de mártires. E Amy foi uma mártir dos tempos modernos. Sem moralismos: nem o pai, nem Blake vão para a fogueira. Estão todos perdidos naquele fog , somente sabendo que aquela vertigem toda ia acabar em uma queda. Não uma queda comum. Um meteoro.

Que música é essa?

Ouvi Amy pela primeira vez numa loja de CDs (faz tempo), que tinha um som poderoso. "Que música é essa , meu Deus?". Comprei o CD imediatamente. As pessoas torceram o nariz - esquisita. Eu disse não - esta mina é espetacular. Comprei depois Frank , ainda menos apreciado - basicão. Mas a Leoa ainda tinha tesouros escondidos .

Fiquei triste quando morreu. Estava sóbria há um tempo, mas escorregou pesado: álcool.

Não espere uma superprodução. O filme é simples e trash. Muito inglês - o sotaque prova o tempo todo. É Londres. Não tinha como ser muito diferente. Mas pode esperar emoção. Ver uma estrela queimando até as cinzas em praça pública, sob aplausos e risos de escárnio é duro. Dá vontade de chorar. Você pode ler este texto ouvindo Amy. Faço até uma sugestão. Love is a losing game.



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