Recentemente fomos surpreendidos pela trágica morte de Matthew Perry, um dos atores do seriado Friends, que fez um enorme sucesso ao longo de uma década e trouxe a fama para seus protagonistas. A autópsia de Perry revelou que a causa mortis foi uma intoxicação aguda por Quetamina. O ator tinha também problemas cardíacos e lutava há muitos anos contra a dependência de álcool e outras substâncias, tendo sido internado 4 vezes na tentativa de manter-se abstinente.
Calvin Klein
A Quetamina tem vários apelidos: Key, Queta, Quet, Keila, Calvin Klein, CK - estes 2 últimos nomes quando usada junto com cocaína ou misturada a ela. A Quetamina é um potente anestésico, de uso veterinário, para animais de grande porte como cavalos. É conhecida como a droga da balada, da noite, das festas. É estranho, porque a droga é um potente depressor do sistema nervoso central, sem efeito euforizante. Possivelmente o seu uso em baixas doses, associadas à outras substâncias como o Ecstasy ( bala , MDMA ) e o álcool, pode deixar a pessoa realmente muito louca, praticamente em estado de transe. É uma droga perigosa, podendo mesmo levar à morte, como o que aconteceu com Matthew. É bastante difundida na comunidade LGBTQIA+ - conheci 2 rapazes, em uma internação, ambos gays, dependentes quase exclusivamente de quetamina, que me revelaram algumas de suas vivências com a droga. Ela também é usada de forma criminosa, quando a vítima é drogada, sem saber, com a substância - o famoso "Boa Noite, Cinderela".
Uma experiência pessoal
Se eu tive contato com a Quetamina? Sim, em mais de uma ocasião. Usei junto com cocaína. O que eu posso falar da experiência? Bem, sabe-se que a cocaína, em algumas pessoas, provoca intensa excitação sexual, sendo este efeito mais frequente em homens - mas também pode acontecer com mulheres. A cocaína, porém, tem um enorme impacto na capacidade de ereção - o que acaba sendo exasperante: uma superexcitação com desempenho pífio ou nulo. Por isso, frequentemente, a cocaína é usada junto com drogas para disfunção erétil como a sildenafila. A quetamina, quando faz parte deste coquetel, pode funcionar como um adjuvante e melhorar a performance sexual. Isso não serve para adictos, cuja tendência é usar mais e mais droga. E aí a coisa encrenca. Cocaína em si já é perigosa, misturada com quetamina, o perigo aumenta.
Cuidado!
Uma primeira questão: uma carreira de quetamina precisa ser muito menor que a de cocaína, pois a droga é muito potente e geralmente não é misturada. O uso da mesma quantidade pode levar a pessoa imediatamente a um estado de confusão mental, sonolência e torpor. Dependentes de Quetamina - ou mesmo marinheiros de primeira viagem, se expostos à doses mais altas, podem ser vítimas de um fenômeno: o buraco da Key. Trata-se de uma experiência (provavelmente aterrorizante para alguns) dissociativa: a pessoa entra em outro mundo, onde as noções de tempo e espaço são perdidas, a pessoa não sabe se está viva ou morta. O impacto físico é impressionante: ataxia, desequilíbrio, incapacidade de movimentar-se. A sensação é de enlouquecimento ou de pós-morte. Lentamente, a pessoa vai acordando, e as coisas vão se reestruturando, interna e externamente. O adicto, neste momento em que se recupera de um experiência assustadora, deveria se benzer e pedir para Deus, de joelhos, que o tirasse daquele lugar. Não, o adicto simplesmente vai querer mais. Parar está fora de seus planos. Ele não tem planos. Está entregue à droga. O mundo lá fora simplesmente não existe.
Ouvi falar que a quetamina trata depressão
A Quetamina tem sido estudada para o tratamento de algumas condições psiquiátricas, em particular a depressão maior, grave, não responsiva aos antidepressivos tradicionais. A alternativa que se usa nestes casos é a eletroconvulsoterapia - o ECT ou eletrochoque. Sim, o ECT ainda é usado em psiquiatria e é um tratamento seguro e eficaz. As lendas que cercam o ECT ficaram no passado - atualmente, ele é realizado sob anestesia e com a supervisão de um psiquiatra. É preciso desfazer este mito. A Quetamina (na verdade um derivado, Escetamina) parece ter uma eficácia comparável ao ECT no tratamento da depressão grave. Deve ser usada exclusivamente sob prescrição e supervisão médica.
Equilíbrio, ponderação, informação adequada são essenciais para a Recuperação. Os Alcoólicos Anônimos, em sua literatura, sempre afirmam: se tiveres um problema de saúde, procure um médico, se tiveres um problema jurídico, procure um advogado. Para bom entendedor, meia palavra basta.
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