Uma história familiar envolvendo um drama real de dependência química, Querido Menino, narra os caminhos tortuosos de um pai, o escritor David Sheff, em busca de livrar o filho, Nic Sheff, também escritor, da dependência às drogas que o acompanharam desde muito jovem, primeiro como uma facilitadora em situações difíceis, e depois como única fonte de prazer. Uma situação frequente na história de dependentes químicos.
O filme traz as várias fases da dependência e da vivência dos familiares, ora agindo como codependentes, ora dispostos a viver suas vidas apesar da dor e da impotência.
Trata-se de uma situação extremamente comum, vivida por milhares de famílias de todos os níveis sociais. Mas longe de apontar soluções simples ou mágicas - sabemos todos que elas não existem - direciona para a presença, para o perdão e para o recomeço. Nesse caso são todos expressão de amor.
Um outro aspecto da narrativa é sobre as clínicas de reabilitação, que por si só, têm poucas evidências de garantir a abstinência a médio e longo prazo. Em nosso meio, há também o viés religioso na administração e gerenciamento dessas instituições. Reconhece-se a espiritualidade como fator positivo de forma geral, quando se trata da fé genuína em cada pessoa, não algo autoritário e alienante.
A dependência química precisa ser vista e cuidada como doença crônica de causa multifatorial, e a família necessita de abordagem interdisciplinar para uma convivência possível, com momentos felizes e plenos, ainda que sob a sombra das recaídas. Dependentes de algo, de alguém, ou de algum sentimento consciente ou não, todos somos. Assim, a um passo do precipício, vivemos todos. Todo dependente químico necessita de escuta qualificada e de terapias que para si, façam sentido. E claro, que sejam mediadas pelo amor.
#Cinema&terapia
Carla C.
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